14 Junho, 2022
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A desgraça Ibérica!
Falamos em desgraça porque vemos neste símbolo gráfico toda a mediocridade que por vezes somos capazes de transmitir ao mundo! Carlos Queirós treinador da nossa selecção deixa-nos estas sábias palavras “Temos de ser os melhores em tudo, logótipo, organização, preparação, jogadores, treinadores, público, imprensa. Há a necessidade de sermos todos responsabilizados”. O problema é que começamos mal, o logótipo não me parece ser o melhor, pode suceder que os demais candidatos tenham o infortúnio de conseguir provas gráficas piores, mas é pouco provável e os responsáveis são os júris dos dois países ibéricos que escolheram este logótipo de entre 5 outras hipóteses apresentadas por 3 empresas espanholas e 3 portuguesas segundo a imprensa mais informada.
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Não é nosso hábito criticar sem apresentar argumentos construtivos e começamos por atestar o bom nível de design da empresa criadora do logótipo, a Euro RSCG que criou anteriormente o excelente logótipo do Portugal Euro 2004 e é a agência escolhida para o design de grandes clubes de futebol como é o Benfica.
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Apesar da gritante e evidente falta de profissionalismo e nível gráfico, a ideia de juntar os dois países num símbolo parece-nos óbvia e acertada, as cores de igual modo são resultado natural desta junção de bandeiras, a forma circular está explicado pelo próprio contexto. O resultado é a nosso ver medíocre e amador e passo a explicar a nossa perspectiva de designers profissionais: o logótipo vive de sobreposições, as “pinceladas” que os autores foram buscar aos pintores Joan Miró espanhol e José de Guimarães português, pares segundo a agência de design, ímpares a nosso ver quer a nível cronológico quer a nível representativo. Miró é uma referência mundial vastamente conhecida e estudada, um dos artistas mais importantes do século XX, José de Guimarães apesar de ser um artista inovador, original e estar no expoente máximo da pintura e escultura actual portuguesa não chega a ser o Miró português e é aqui que a comparação entre os estilos de pintura entre estes dois óptimos artistas nos parece fortuita e pouco honesta, parece-nos ser um argumento arranjado para explicar o trabalho e não um argumento da sua geração. Os criadores deste símbolo chegaram a um resultado que nos sugere a confusão visual e sem pregnância, a qualidade gráfica das “pinceladas” revela-se numa falta de veracidade e coerência em que umas pinceladas têm transparências e outras não, as pinceladas maiores que simbolizam a bandeira lusa são a mesma forma o que não é muito usual quando pintamos uma vez que todas as pinceladas têm configurações diferentes. As partes do todo tornam-se simplesmente formas irregulares e dificilmente reconhecidas como elementos da obra dos pintores acima referenciados. É uma tarefa muito difícil criar um bom logótipo com estas três cores pois são muito contrastantes e pouco harmoniosas, talvez por isso o logótipo do Euro 2004 não usasse esta combinação, é uma tarefa difícil mas não impossível. neste caso as cores não foram combinadas da melhor forma nem nas proporções mais aconselháveis, podemos ver um exemplo de um bom logótipo com estas cores:
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Neste logótipo temos representada a nossa bandeira de uma forma subtil em que o amarelo é habilmente incluído no verde.
Em termos mais pragmáticos, (voltando ao logótipo em questão), o título 2018- 2022 tem uma grande falta de legibilidade pois o branco sobre fundo amarelo é uma situação a evitar para texto uma vez que são dois tons que se fundem e as letras perdem a forma.
Não aprofundando muito o assunto, lamentamos ser este a nossa “cara” perante o mundo que vai ser o nosso juiz para nos conferir a honra e oportunidade de voltarmos a ser (embora que fraternalmente com os “nuestros hermanos”) anfitriões do maior evento futebolístico do globo. As premissas do conceito para a criação do logótipo parecem-nos boas mas o resultado é francamente aquém do que nos precisamos para sermos os melhores mas é “Uma escolha que a organização considerou ser a mais feliz”, talvez a incompetência maior esteja em quem escolheu! E que belo era o logótipo do Euro 2004, dirão os nostálgicos. A Euro RSCG está em baixo de forma dirão as mentes mais futebolísticas.
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Pretendemos fazer uma analise descontraída ainda que convicta dos nossos trabalhos e também dos trabalhos de outros designers...
Tentamos sempre ver os pontos positivos de cada caso e de igual forma os pontos negativos e expô-los perante o leitor que pode comentar os nossos textos e participar com a sua opinião acerca do que criticamos e do que criamos.